domingo, 9 de junho de 2013

opressão do capital - parte 2

Na parede da biblioteca da FURG está escrito “nessa sociedade, só o capital é livre”. De início me pareceu algo bobo, sem fundamento, escrito por um filinho de papai que se julga socialista, rebelde sem causa. Hoje, minha percepção é outra.

Depois do breve histórico relatado no post de ontem, hoje compareci na manifestação. Tinha umas 30 pessoas. Eu imaginei que haveriam muito mais. Mas, tudo bem, talvez as pessoas tenham se assustado com a intimação, ou talvez seja simplesmente o mal da apatia, a única coisa que levo disso é jamais me calar quando alguém disser “o brasileiro é um povo acomodado”. Juro, que no auge da minha timidez doentia juntarei forças para dizer “que povo? Fale por você.” Pois eu a-pos-to que qualquer um que diga isso jamais participou de uma manifestação, sequer gastou um neurônio ou dois tentando organizar uma, e só repete esse senso comum sem refletir, como um papagaio.

A Polícia Rodoviária Federal se fez presente, representada por meia dúzia de indivíduos fardados. Nos questionamos o que eles faziam em uma rodovia estadual. Na verdade não questionamos, confirmamos que o interesse principal era a garantia dos lucros da ECOSUL, que está na outra rodovia, naquela que fomos limitados a protestar sem incomodar nadie. Pelo que pareceu eles queriam, a princípio, falar com o “líder” do movimento, que seria simplesmente a pessoa que mais “fez barulho”. Mas, acabaram conversando com todos.

O interessante do diálogo foi que... não sei como explicar. Parecia um teatro, só que com pessoas de verdade, o big brother, exatamente isso. Os policiais sustentaram um discurso de que vinham para que entrássemos em acordo, acontece que não existe essa possibilidade, digo em termos legais. Aí passaram para o discurso de que, eles queriam o mesmo que nós, e que precisava de educação, o problema era a falta de conscientização no trânsito, e eles vinham trabalhando nisso. Logo argumentamos, ainda mais diante do fiasco da ECOSUL, o problema estava muito claro.

Temos um problema estrutural. Essa estrada foi duplicada com o objetivo de esvaziar os pátios das montadoras e aumentar a produção. E se eles estavam lá, não era para fazerem acordos, ou garantir nossa segurança na manifestação (pois eles representam a esfera federal e estávamos em uma via estadual, reintero), era unicamente para nos oprimir em nome de uma empresa privada, que trabalha muito mal, diga-se de passagem. Mas, aparentemente nem eles haviam se dado conta disso, de que na realidade, naquele exato instante não estavam trabalhando para o governo federal, mas sim para uma empresa privada que lucra os tubos, valores que nem temos o direito de saber!

Mas, apesar dos pesares, isso é, mesmo tendo claro que o capital domina o estado, e que de público nesse mundo só banco de praça (com alguma ressalva), o encontro foi positivo! Concluímos que o melhor mesmo seria nos aliarmos à prefeitura, isso porque está mais próxima e aparentemente, como nós, tem buscado trabalhar em nome do bem estar público. Embora mesmo para a prefeitura não seja lá muito fácil, afinal como já dizia o pixador supracitado “só o capital é livre”.


Enfim, acertou-se que haverá uma reunião no IFRS na terça-feira às 14 horas, para elaboração de uma proposta de ciclovias na cidade, para ser levada na imperdível audiência pública de quinta. E que será proposto oficinas para a distribuição de refletores, afinal o objetivo máximo é que as pessoas possam ao menos não morrer atropeladas. Normalmente quem morre atropelado são pessoas mais simples, que foram marginalizadas e constrangidas a viver de maneira precária o bastante para não se indagarem quanto à necessidade do uso de refletores em bicicletas (que deveriam vir de fábrica). Aliás, percebi que 100% dos cidadãos que morrem atropelados se tornam alcoólatras, ou será que isso foi depois do incidente com o Thor Batista?

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