quinta-feira, 11 de abril de 2013

Montadoras opressoras, motoristas oprimidos.

Eis que sai no jornal de hoje que um Termo Aditivo duvidoso prorroga o contrato da empresa que administra o pedágio Rio Grande - Pelotas (ecosul, não sei a que se refere o termo "eco" aqui empregado). O contrato que venceria nesse 24 de julho foi prorrogado para 2026 (link da matéria). É o absurdo dos absurdos. Alguns vereadores estão se mobilizando para redigirem um texto-denuncia (não tenho ideia do que seria isso, legalmente) para mandar para a presidente, pautado no fato de a medida ser contrária à Lei de Licitações.

Para ser extremamente sincera. Eu sou a favor da taxação sobre veículos, sou a favor de pedágios, inclusive intramunicipais, sou a favor de um taxação alta na gasolina, sou a favor de sabermos o valor real das coisas e arcarmos com ele, Desde que, esse capital seja investido em alternativas, em trens, ciclovias, "ciclopontos", transporte coletivo, desenvolvimento de novos motores, etc. e desde que as indústrias internalizem seus custos.

Congestionamento de 10 vias em S. Paulo

Não há sentido na duplicação, triplicação (etc) de vias, nunca se dará conta do fluxo, uma vez que as vendas de carro só aumentam. Nada me revolta mais do que essa redução ridícula do IPI (prorrogada até junho de 2013 - link). É óbvio que esse dinheiro faz falta no orçamento público. As montadoras (veja, montadoras, porque a sede que fica com o dinheiro não está aqui) já tem inúmeros subsídios ao externalizarem para o poder público seus gastos mais pesados. Fazem carros potentes para andar em estradas de limite de velocidade máximo de 110 Km/h. Estradas essas construídas e mantidas pelo poder público, apesar de pedageadas. Quando há um acidente, um entre os 1.000.000 que ocorrem ao ano, quem arca com o prejuízo é a população e o estado, não é dona de pedágio nem montadora (no ano de 2010 ocorreram mais de 30.000 mortes registradas oficialmente, em até 72 hs depois do acidente - link). Aliás, é claro que o responsável é o motorista inconsequente, mal educado...

Transferência direta do capital (população > montadoras)
E as montadoras seguem prosperando, se bem que parece que as vendas aumentaram menos, estão pressionando o governo para liberar mais créditos, tipo "minha casa minha vida". E os deputados misteriosamente concordam! Afinal, grandes empresas representam a prosperidade do país devem ser estimuladas a continuarem na pátria amada, correto? Elas criam emprego, fazem circular o capital, deveríamos agradecer pela generosidade de elas se instalarem aqui, é o progresso.

A qualidade do ar em São Paulo, e em grandes cidades é nojenta. Mas, existe uma solução mágica na cartola, olha só que legal, um sistema de inspeção veicular para que nenhum carro polua mais que o necessário, o "control.ar". Colegas, não houve 1 nem 2, mas inúmeros casos de carro zero ser reprovado na inspeção, que por sinal é paga pelo cidadão. Esse control-ar não é uma política que visa a diminuição da compra de carros, uma vez que o IPI está reduzido e os créditos facilitados, e o transporte público caro, lotado, demorado, fedido, perigoso e não há ciclovias, e especula-se redução de imposto sobre combustíveis. Sem entrar no mérito de que a empresa Controlar seja mais suja e nojenta do que o próprio ar (link 1 e 2) e voltando à responsabilização das montadoras, convenhamos, se o carro polui mais do que o aceitável,  poque deixou ser produzido e vendido? É um carro zero! Não foi desleixo do proprietário na hora da revisão.

Lobismo presente em todos os governos.
Até quando haverá esse protecionismo à mega empresas?! Elas ficam com o bônus, o estado fica se comendo internamente, e a população com o ônus, e o pior, com a "culpa" do ônus. Ao meu ver o lobby é a pior forma de corrupção, e a mais arraigada em todos os sistemas políticos.
E é algo extremamente complexo e difícil de modificar.


Ao que parece Marina Silva tem tentado arranjar um modo de alterar esse sistema, por meio de seu partido denominado #rede (link). Eu não li o estatuto, embora esteja morrendo de vontade. Pelo que vi na entrevista dela no Roda Viva (link) uma das inovações é proibir que os candidatos recebam grandes montantes para sua campanha eleitoral, onde via de regra nasce o futuro lobista, ao contrário deverão haver diversos contribuidores com pequeno montante. E também assegurar que os eleitores acompanhem seus candidatos e participem de suas ações, usando o artifício da internet! Me encantei com a proposta, embora confesse estar um pouquinho cética, pois parece que sempre se encontra uma brecha para corromper o sistema, e é fácil torcer o nariz quando se fala em criar mais partidos do que já temo. No entanto, é complicado uma revolução total, acho que esse é o caminho, o PT quando sua criação objetivava grandes aspirações e conquistou muita coisa, o Brasil está mais humanista e menos elitista, mas parece que o PT já fez sua parte e começa a se acomodar e encostar, parece já estar meio enrolado e desgastado. O que foi aprendido com o PT pela M. Silva, e a sua experiência de como este se corrompeu, a identificação de suas fragilidades e tal pode ser incorporado nessa nova proposta, difícil garantir, mas é tentando que se consegue!

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