terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O rolo compressor

Está ocorrendo um indignante situação na belíssima Baia de Guanabara. Eu infelizmente não tenho encontrado o tempo necessário para me aprofundar na questão tanto quanto gostaria. Mas, vou relatar as esparsas informações que tive acesso e foram suficientes para me preencher de apreensão.


Simplificando uma complexa realidade, a pupila dos "desenvolvimentistas" a Petrobrás, teve a excelente ideia de transportar gás por dutos submarinos pela Baía de Guanabara. Esses dutos (além de estarem transportando substâncias nocivas com risco de vazamento) exigem uma área mínima de 400 metros de cada lado de qualquer atividade, inclusive pesqueira, o que proporciona uma zona de exclusão da pesca de 46% da área da baía. A novidade tem causado desconforto entre os pescadores, que milagrosamente (tendo em vista a quantidade de incentivo) conseguiram formar uma associação (AHOMAR) e reivindicar seus interesses. Os conflitos são antigos e intensos, como se pode imaginar numa região densamente povoada e com atividades tão diversa$. Em recente matéria do jornal Folha de São Paulo há a denuncia de milícias (palavra utilizada no jornal =O) que impedem a atividade da pesca "estudo afirma que apenas 16% da região pode ser utilizada para pesca, nos outros 84% há a atuação de milicianos que permitem apenas empreendimentos de petróleo e gás, além do entorno da ponte onde a pesca já é proibida". O conflito gerou assassinatos e ameaças, que prefiro nem considerar de tão bárbaro.

Eu tenho total consciência de que a pesca é uma atividade predatória e que muitos pescadores são movidos por interesses capitalistas e que sempre que podem pescam além do necessário. Porém, estamos assistindo uma exclusão social gravíssima, a "privatização" de um espaço importantíssimo. Estamos assistindo a destruição de uma cultura, enquanto falamos e debatemos nossas dívidas com índios e negros. Temos Macaé como um exemplo a ser evitado com todas as forças, em que "Os impactos decorrentes de fatores econômicos, ambientais e políticos passaram a comprometer o modo de vida dos pescadores(as) e a fixação de sua identidade. Muitos são forçados, por pressão da especulação imobiliária, a deixar a orla das praias, local primário de moradia. Outros não conseguem manter-se na pesca. Transformam-se em favelados e perdem as suas referências, adoecem, tornam-se alcoólatras, desestruturam toda a rede familiar." nessa cidade de horrores o índice de violência é altíssimo, houve a destruição de uma idílica vila de pescadores. Mas nossa pupila paga belos salários para seus funcionários utilizarem carros blindados, cercarem suas casas, puxa como o petróleo move a economia e é fundamental para nossas vidas, temos empresas de seguro em Macaé, alarmes que exigem manutenção, pode ser feita por um ex-pescador que não tenha se transformado em "vagabundo". Em que mundo eu vivo? Precisamos de petróleo para vivermos, matriz energética, quem acenderia a luz da bolsa de valores de NY? E os carros, e todo plástico, definitivamente, não dá para viver sem tapouer, televisão, agora, peixe, alimento gratuito, bem isso não é tão relevante.  Quem pode paga para se alimentar, e quem paga é que importa, são pessoas de valor, que se esforçam, trabalham horas a fio dedicada e esforçadamente, elas sim, merecem todo nosso carinho e atenção. Elas merecem poder investir seu suado capital em shoppings center. Isso é o que importa, o crescimento econômico a qualquer custo...

Esse "causo" me toca mais profundamente por poder acontecer aqui no nosso colo, onde a preocupação dos felizes ambientalistas se concentra em tamanho de malha... Estuário da Lagoa dos Patos!!! Ah, que bela preocupação a de buscar a sustentabilidade dos estoques, até quando vai durar? Como aumentar a qualidade de vida dos pescadores? Até quando os ambientalistas rio grandinos poderão se dar ao luxo de buscar soluções na pesca para a pesca?

Para não ficar um clima de pessimismo extremado, o que constantemente acontece comigo, enegracendo meu coração, vamos nos transportar para 1950 e imaginar esse cenário, da Baía de Guanabara, muito provavelmente não haveria grande repercussão, os pescadores insistentes seriam mais friamente silenciados e os demais teria que abaixar a cabeça, a população aplaudiria os empreendimentos e os um ou dois ambientalistas seriam ridicularizados, Macaé se repetiria eternamente. A passos lentos vamos incorporando conceitos socioambientais. A passos lentos, os multiplicadores conscientes socioambientalmente vão ganhando força, e o mundo vai, pouco a pouco se tornando melhor, mais justo.

Fontes:
<http://sisejufe.org.br/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=314&tmpl=component&format=raw&Itemid=25> páginas 30 à 36.



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O lobo e o leão.

Pois é, esse assunto de capital é algo bem delicado. Eis que hoje lendo o jornalzinho local tive a oportunidade de me inteirar de um caso bastante polêmico. É o caso de Gérard Depardieu. Uh, vou tentar resumir o que entendi para podermos definir uma posição.
Inicialmente, deveríamos recordar o momento frágil pelo qual passa a Europa, do qual, devo assumir, ignoro detalhes "técnicos", mas que na minha opinião tem haver com escassez de matéria prima e consequentemente dependência de exploração dos países mais ricos em matéria-prima mas, mais fracos politicamente. Talvez seja uma visão simplista, em todo caso, temos esse quadro Europeu, que vem assolando os diversos países "desenvolvidos" do velho continente. Entra em cena uma França regida por um indivíduo com tendências, declaradamente, socialistas que busca aliviar a crise em seu país e manter a qualidade de vida equilibrada. Nesse ponto acrescento o que ouvi de um professor o qual estimo muito, que no Canadá é estipulado pelo governo uma renda mínima e uma máxima, sem mansão de 50 milhões de euros (como uma das de Depardieu). Nesse cenário o presidente Hollande anuncia um aumento na tributação dos franceses mais endinheirados (até 75% sobre os que ganharem mais de 1 milhão de euros por ano, algo em torno de 230.000 reais/mês).
Mas, estamos num mundo globalizado e capitalista. Os milionários que se acostumaram a esse padrão de vida não ficam muito felizes em dividir sua fortuna, acho que eles se sentem inclusive assaltados. Cabe aqui um argumento em defesa dessas pobres almas, e se fosse sobre a tua renda? Todos achamos que ganhamos o suficiente, embora saibamos que poderíamos ganhar menos, também sabemos que podemos ganhar mais e ter essa renda reduzida para o governo é um tanto desconfortável, a início, se não temos uma noção de coletividade e tals. E então, nossos endinheirados se mudam para a Bélgica, e quase que fundam uma cidade, na qual 27% da população é de franceses milionários fujões. Inclusive nosso excelentíssimo supracitado ator.
O primeiro ministro não ficou nada contente com a posição desse cidadão um tanto influente, e criticou severamente sua posição. Ao passo que o ator, como todo bom ator famoso, cheio de si, retrucou dizendo que ninguém que  abandonou o país foi tão criticado como ele. Ele é um cidadão do mundo, e que vai devolver seu passaporte francês.
A Bélgica, na figura de seu ministro dos negócios estrangeiros Didier Reynders, pede para que o governo francês reveja seu sistema de tributação, pois o país não quer ser taxado de bode expiatório e deixa claro o fato de não adotarem medidas que incentivem a escolha dos excêntricos milionários. E que está em estudo o caso de fornecer a cidadania para o ator. Nessa matéria ainda cita um pedido do governo francês de se realizar uma "harmonização fiscal européia" a qual o ministro é favorável, mas ressalta que não será uma medida tomada em Paris.
Well, eu iria intitular esse post como "apocalipse" hehehe, pois, como imagino ter conseguido elucidar no post anterior, é essa a minha visão de "nova era". O fato é o seguinte, doa a quem doer, e aqui eu acredito sinceramente me por no lugar das vítimas do Robin Hood, é insustentável essa desigualdade cruel e gritante da qual temos sido obrigados a compartilhar. Não entra na minha limitada cabecinha o fato de uma pessoa acumular taaantos bens sem nenhuma contrapartida social.
Os argumentos utilizados pelo ator e comprado por grande parte dos capitalistas vão ao encontro de ele contribuir muito mais estando na França e pagando os já não tão modestos impostos do que ele sair e não pagar imposto nenhum. O ator, se sentindo profundamente injustiçado, ressalta o fato de ter trabalhado desde os 14 anos, e contribuído com a assistência social da qual nunca utilizou.
Sinceramente, esses argumentos não me comovem. Podem me taxar de socialista, mas minha visão vem de uma analise de mundo sincera. Eu não consigo conceber o fato de esse ator ter essa enorme fortuna sem a menor visão ecossistêmica do mundo! Confesso que se de um momento a outro tivesse minha renda reduzida eu não agradeceria numa primeira instância. Mas, se essa redução se convertesse em justiça social, o que tanto necessitamos no nosso país, aí então eu me esforçaria para compreender e fazer parte dessa mudança, e resistiria a tentação de fugir com toda a minha "fortuna" (de mil e poucas mensais) para o país vizinho. Ainda mais, cheia de razão pagando um mico global.
Bem vindo novos tempos! Go ahead apocalipse!!! E pensar que ainda nem passamos pelo umbral do dia 21!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Considerações sobre o Fim do Mundo!

Recebi uma ligação que me deixou um pouco desconfortável, num conversa informal, meu interlocutor reascendeu a possibilidade dos "três dias de escuridão". Eu, tentando fugir das minhas obrigações rotineiras, me desviei do meu foco e fui "googlear" a cerca do tal acontecimento.

Bem, li alguns blogs, que traziam mensagens ditas do mestre Ramatis. Algo realmente perturbador, começando por escancarar o "caos" em que nos encontramos, o materialismo exacerbado, a maldade, etc. seguiam nos precavendo para catástrofes e tudo o mais.

Buenas, apesar da pressão tecno-científica de se evitar crenças, eu penso que a ciência em si é um crença, ou temos alguma certeza absoluta? Como tivemos durante séculos da geração espontânea?

Ok, então, partindo do pressuposto que eu possa crer, sem provas concretas. Eu acredito que o planeta possa mesmo estar passando por uma transição. Mas acredito que seja algo muito mais suave e menos dramático do que os tais três dias de caos, ondas gigantes, fome e suicídios generalizados. Na minha humildíssima opinião, espírita, ambientalista e acadêmica, o melhor livro de predições é "Os Limites do Crescimento".

Vou lhes descrever o apocalipse que deslumbro: os recursos renováveis e não renováveis se tornarão escassos e economicamente inviáveis, o que irá causar uma pequena perturbação no sistema capitalista, a produção de alimentos em escala local terá que ser incentivada como melhor alternativa para segurança alimentar, o que ocasionará a emancipação das localidades. Cada uma das localidades se sentirá empoderada de maneira a decidir como se autogerir, e perceberão que um sistema de competição não favorece o bem estar social, sendo assim a derradeira ruína dos conceitos capitalistas que incentivam a competição e individualismo.

Dizendo assim não parece muito apocalíptico. Mas, certamente já estamos passando por uma profunda transição, por sorte não estamos nos dando conta, e eu espero mesmo que não haja quedas bruscas de produção. Eu espero que os que gostam de dinheiro e status consigam se transformar e apreciar o novo mundo. Os sinais dessa mudança na minha opinião são latentes, MUITAS pessoas abrindo mão
espontaneamente de buscar e acumular bens materiais, cultivando hortas, desenvolvendo projetos, agroecologia, horta comunitária, ecovilas. Essas ações são menos perceptíveis em grandes centro urbanos, mas pululam pequenas cidades, como a qual tenho o privilégio de morar. Nesse novo mundo poderemos finalmente nos dar conta de que o amor importa mais do que moda, roupas, carro, luxo. Perceberemos que o prazer de viver não reside em bens materiais.

Essa é minha visão apocalíptica particular a qual divido com vocês, e a qual espero que se concretize, pois, pode ser que eu também esteja sendo dramática e o sistema atual se aprimore, como vem ocorrendo desde que eu adquiri consciência. Nesse cenário, teremos inovações tecnológicas, que possibilitarão que a produção continue aumentando sem detonar o planeta. Isso é, poluindo menos, reaproveitando matéria prima, utilizando energia renovável, etc. Seguirá havendo desigualdade social e privilegiados, os que adquirirão os produtos mais modernos e tals. E seguirão havendo excluídos socialmente, com "programas de inclusão" ligeiramente mais sofisticados e assim a de eterno.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

14 parques eólicos chegam de pára-quedas!

Ontem tive a oportunidade de participar de uma reunião do COMDEMA - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente. Pelo pouco que pude entender, a discussão era acerca da instalação da linha de transmissão dos parques eólicos.

A coisa começa esquisita. A licença para esses parques coube inteiramente a FEPAM, que exigiu um RAS (tipo de rima, mas mais simplificado) e como esse procedimento não prevê audiências, a participação pública foi NULA. Imaginem vocês que me sinto parte do Cassino, eu amo esse bairro, essa cidade, pela qualidade de vida, eu ando de bicicleta e meu estresse beira a zero (eu digo beira porque ainda não aprendi a lidar totalmente com as exigências do mestrado). Mas então, cai do céu um tal de pólo naval, e faz o maior furdunzo na cidade, esse polo naval se consolida por parte de uma demanda crescente por petróleo, não de minha parte, que tenho trabalhado em diminuir minha demanda pessoal... eu não sei bem de quem e para que é essa demanda. Talvez seja da energia que esse mesmo setor utiliza, pois, voltamos aos parques eólicos...

Para atender a demanda, certamente não minha e nem dos moradores, mas do tal pólo naval serão instalados 14 parques eólicos!!! Não tenho dúvidas que seja uma fonte energética menos agressiva do que outras opções. Mas, vejamos como se dá essa materialização! O órgão ambiental estadual não dialoga sequer com o municipal, que dirá com a comunidade. Os engenheiros são de outros estados, acredito que os projetos sejam de outros países, mas possivelmente o dinheiro para apoio financeiro do BNDES. A licença da instalação da linha de transmissão, pelo que pude notar, foi (ou está sendo) concedida individualmente, libera-se para uma pequena quantidade de kV passar no meio da cidade, então existe outro parque com mais kV e já existe uma linha de transmissão...

O relatório ambiental exibido beirou o ridículo: nossa equipe de biólogos (provavelmente nenhum rio grandino, apesar de existir uma universidade aqui) reconheceram x espécies de anfíbios das quais y estão em extinção (idem para aves, mamíferos, roedores etc), por conta disso o nosso parque tomou a seguinte configuração...

Houveram 2 manifestações que eu considerei importantes, um morador do bolaxa questionando a falta de inclusão dos moradores no processo, da questão social (inclusive ele questionou que os empreendedores não sabiam sequer a quantidade de casas no bolaxa, ao passo que um respondeu entre dentes, 500, e ele rebateu, suavemente, são 940 casas!)
Outra consideração de um professor da FURG quanto ao estudo ambiental, ele considerou a importância de se saber o comportamento das aves, as rotas de migração, os ninhos, o local de reprodução... esses estudos são caros e os orçamentos previstos pelos órgãos de fomento a pesquisa não cobrem, o órgão licenciador não cobra esses estudos e o empreendedor não se interessa.

Essa foi a primeira reunião de que participei, e me deixou um pouco desanimada e descontente. O encaminhamento da reunião mais importante foi o de pedir à FEPAM uma audiência pública, outro detalhe é que o COMDEMA já havia solicitado maiores informações do processo, ao passo que o representante do órgão estadual nos informou com essas palavras "mas não adianta mandar cartinhas, elas se perdem dentro da FEPAM"... =O oh my god...

Espero participar dos próximos capítulos!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Panaceia

Ando terrivelmente mergulhada em notícias trágicas e problemas locais, mundiais... Por estar na área ambiental já tenho que lidar com problemas, e somando-se a isso, com a visita de meus pais estou tendo acesso as "deliciosas" notícias do jornal da manhã:

Depois da musiquinha alegre e suave, vem um "bom dia" feminino, seguido de um masculino, e logo na seguida: - Uma policial militar foi morta na madrugada dessa x-feira com 10 tiros nas costas. Daí se seguem os detalhes, muito explicados. Eu prefiro me concentrar na imagem do pão com manteiga, mas certamente a televisão mostra cenas do crime. Meu estomago embrulha, e começo um esforço mental sobre-humano para não chorar, ou não me revoltar, e tentar reencontrar o meu bom humor em algum lugar da sala. Minha mãe, como parte do ritual reclama das notícias dizendo que o pensamento coletivo está "dando força", e que a propaganda é alma do negócio, meu pai, com algum desconforto ignora, pois deseja ávidamente saber das notícias que interessam. Saio de casa com o pão embrulhado na garganta, tropicando nos meus pés sem saber ao certo o que seria melhor, ficar ouvindo "aquilo" ou sair e me submeter "aquilo", embora ouvindo coisas mais agradáveis.

O fato é que as coisas agradáveis não são notadas por quem está com as realidades supracitadas na cabeça. E então, o nosso colega dá um relato pessoal dizendo que foi o primo dele, em uma das notícias, que morreu com um tiro na nuca. Sabem, eu não fiz grandes esforços para voltar para São Paulo, por que Rio Grande é maravilhosamente pacata, não tanto quanto o Uruguai, mas costumava ser muito tranquila.
Na minha reunião de Logosofia tive a "oportunidade" de saber alguns detalhes a mais do crime com uma amiga promotora, os detalhes envolviam tijoladas, mas o detalhe que me chamou a atenção foi que os menores de idade, que praticaram o crime, serão detidos por 3 anos. Quer dizer, que bosta de sociedade é essa que imagina que esse sistema pode resolver o problema? Que bosta de sociedade é essa que desconfia que dar uma bolsa qualquer coisa de 600 mangos pode resolver o problema da miséria? Que bosta de sociedade é essa, que segue acreditando que quem tem poder aquisitivo foi por sorte, mérito e esforço, e o resto que se esforce e segue comprando merdicas feitas por mãos miseráveis num regime de escravidão?

Ai, ai, me desculpem a fúria do momento, mas não posso me questionar sozinha. Eu sei que se questionar dói e confunde, mas temos que fazer isso, temos que encontrar nossa responsabilidade nisso tudo. Temos que mudar nosso paradigma e ter uma visão ecossistêmica, temos que parar de pensar em como ganhar o nosso dinheiro e que se foda o resto, ou doar 100 mango para qualquer instituição e dormir em paz como se tivéssemos feito a nossa parte. Cada vez mais eu chego a conclusão que estamos dando uma responsabilidade ao dinheiro que ele não tem, estamos comprando coisas que não estão a venda.
Eu sou muito a favor dessa distribuição de bolsas, por considerar a necessidade de distribuição de rendas, mas, pelo amor de deus, não dá para alguém ter a vida melhorada com isso, morando um barraco fétido, com vizinhos mau-educados, com o filho indo a uma escola decaída repleta de professores com pouca condição de ensinar alguma coisa. E essa pouca condição não se restringe ao salário, como disse cada vez acredito menos no dinheiro como solução, essa condição depende de esse professor ter tido um ensino de qualidade na universidade, o que é nojentamente raro, tendo passado por uma universidade de qualidade posso garantir que é mais que normal conquistar um diploma sem ter aberto um único livro. O professor tem que ter acesso a livros, muitos livros, novos, atualizados, alguém já entrou numa biblioteca pública?! A internet é um instrumento preciosíssimo, mas nós não sabemos usar, talvez seja uma particularidade dos brasileiros, que estamos a gerações sendo incentivados a copiar, a reproduzir. Copiamos políticas americanas e europeias, copiamos como eles administram empresas, copiamos como eles se comportam, copiamos mau e porcamente, e valorizamos quem copia melhor, não incentivamos e escarniamos os que mostram alguma tendência a criar, chamamos inovador o que copia primeiro.

Para mim, a panaceia é o humanismo. O incentivo da formação de seres humanos críticos e responsáveis, e para atingir isso, devemos cair no jargão da educação, o que eu cresci ouvindo, mas nunca vi. E é uma educação de verdade, não frequentar a escola, isso não adianta nada. Temos que saber o real valor da escola, de saber, de aprender, temos que saber e falar para as crianças que estão lá disponibilizando um tempo precioso de suas vidas sem nem ao certo saber o porque.

Os menores infratores, supracitados, cresceram à margem de uma sociedade podre, poderia apostar com vocês que eles nunca foram tratados com algum respeito. Tiveram uma atitude, me perdoem, previsível, e irão ser detidos... Vocês acham mesmo que nesses três anos eles irão pensar, puxa-vida, que coisa horrorosa que eu fiz sujando de sangue esse mundo tão lindo e colorido do qual eu quero muito fazer parte... e que então eles irão sair de sua reclusão, com esse "histórico" e que as pessoas irão abraçá-los e dizer, "ai, que bom que você se arrependeu e quer fazer parte do nosso mundo colorido, seja bem vindo, e repare, ele tende ao cor-de-rosa"!

Eu tenho minhas dúvidas, e como minha parte, eu procuro melhorar, eu procuro me questionar, procuro olhar nos olhos do mais simples e fodido e reconhecê-lo como igual, procuro ver nele o ser maravilhoso em potencial que ele é, e procuro assiduamente dar o real valor aos objetos. Às vezes eu escorrego, e às vezes me deprimo pois percebo que estou gradualmente me marginalizando, mas eu sigo pensando, e fortificando meus princípios, acho que o nome disso é moral, que sempre ouvi sendo criticada e escrachada. Mas, e para concluir, acho pessoalmente que tirando nossa moral não nos resta muita coisa...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A novela Guarani-kaiowá


No jornal local pude ter acesso a notícia "Justiça Federal suspende expulsão de índios guarani-kaiowá em MS", no link abaixo. Me chamou a atenção que o fazendeiro (sem nome) solicitou a expulsão dos indígenas de "sua" terra de 760 hectares. O TRF, pela pessoa da juíza Cecília Mello, suspendeu a expulsão. Baseada no fato de que, não tem como se afirmar quem seja o proprietário das terras, e que a ocupação de 1 hectare dentro dos 760 não venha a atrapalhar as atividades do fazendeiro =/

NOSSA!
Inicialmente me pergunto como é possível uma pessoa ser (ou se dizer) dona de 760 hectares. Mas, tudo bem, confesso que esse questionamento é bastante comunista e não me estenderei, afinal o comunismo está morto e enterrado.
Sigo questionando, como é que foi que conseguimos acabar de vez com uma cultura, sem remorso. Os indígenas são tradicionalmente extrativistas, não entrarei no mérito de analisar a sustentabilidade dessa prática, mas imagino o que se dá para extrair de 1 hectare... que talvez eles venham a conseguir.
E claramente, fica a duvida de como é que foi que o sr juiz Sérgio Bonachela se colocou a favor da expulsão?! Estando nós em pleno capitalismo eu suponho que tenha havido algum incentivo monetário. 

Mas, o que eu considero tão grave quanto a corrupção, é a visão comum que muitos da direita construíram sobre os povos indígenas. Já ouvi pessoas próximas a mim e com elevado grau de "cultura" (leia-se acesso a informação) afirmar categoricamente que índio são vagabundos. Bom tendo em vista que culturalmente são extrativistas não faria muito sentido eles se sentirem honrados e felizes em trabalhar para o "proprietário". Dizem que eles são ladrões e alcoólatras. Bem, eu não sei até que ponto essas informações são verdadeiras, mas isso prova ainda mais nossa capacidade de deturpar sua cultura.

Agora, o que me dá esperança é que a atitude da sra juíza Mello pode ter sido incentivada pelo movimento das redes sociais e de petições.

http://jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=6&n=35367

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Vegeteriana

Me desculpe, uso esse espaço para abordar esse tema que, por incrível que pareça, é extremamente delicado. Eu não quero te convencer a mudar de hábito, tão pouco quero criticar os seus costumes, gostaria apenas de relatar minha experiência e incentivar vc a desenvolver os seus valores e princípios e assumi-los.

Eu demorei alguns anos para assumir meu vegetarianismo, muito embora sempre tenha demonstrado inclinação. Costumava soltar esse assunto no ar para estudar a reação das pessoas, nas primeiras vezes se punham ferozmente contrárias. Com o passar dos anos, minha pesquisa de opinião começou a receber alguns sinais favoráveis. Sabe, sou constantemente vítima da necessidade de aceitação, eu não sei se você é assim, eu costumo fingir que não, mas antes de adotar uma postura eu estudo e faço uma projeção da possível reação dos que me cercam.

Mas, mesmo com alguns se pondo contrários ao vegetarianismo, mesmo sendo confortável me manter no status quo, me setia incomodada ao pensar em matadouros e granjas, principalmente. Então passei a evitar frango, acho interessante que algumas pessoas começam por abdicar da carne vermelha, deve ser por sentirem mais desconforto em ingerirem um mamífero. Para mim o incomodo maior é com as granjas, a ideia de inserir hormônios e incentivarem os animais a comerem 24 hs por dia me arrepia. O outro passo foi deixar de comprar carne, mesmo a sessão do supermercado que expõe bifes em bandejinhas me deixava desconfortável, a sorte minha foi que meu namorado compreendeu. Acho que por minha mudança ter sido sutil ele pode acompanhar, entender e até concordar.

Por fim, ao pegar uma balsa pude ver de perto um caminhão que carregava gado vivo, era sujo, fedido e escuro, os animais não tinham muito espaço, mugiam desconfortáveis, dos olhos de uma vaca escorria uma lágrima. Eu tirei uma foto, para me obrigar a não esquecer a sensação que aquela cena me despertou. Esses animais, provavelmente seriam exportados, vivos, porque todos os seres humanos apreciam um churrasco, sentimos prazer com o cheiro de carne assada.



Não tenho o hábito de meditar, embora queira muito, às vezes consigo, numa dessas vezes senti minha alma me clamando: ASSUMA-SE. A partir de então, me tornei vegetariana. Somando-se a isso, dou-lhes um argumento lógico, tão importante ainda nos dias atuais, oras, sendo eu uma ambientalista o impacto da pecuária extensiva é indiscutível, a pesca vem tornando estéril nossos oceanos...

É interessante, mesmo tendo toda a consciência da minha opção, mesmo me sentindo segura e confortável com meu novo hábito, eu fujo como o diabo da cruz desse assunto, procuro passar desapercebida num jantar, me assusta as críticas ferozes que as pessoas costumam fazer. Eu não sei porque alguém criticaria tão arduamente um hábito alimentar que visa a paz e harmonia entre os seres vivos, a minha teoria é que isso reflete o desconforto em que se encontra a consciência de quem critica. É como se a minha presença provasse a possibilidade da mudança que ela aspira e teme, não sei... Parece que tentam, mesmo sem eu solicitar, argumentar a favor de seus hábitos, e o fazem me criticando.

Só queria dividir publicamente a aflição que eu costumo sentir ao me assumir vegetariana, e pedir para que antes de criticarem um meçam as palavras. Eu costumo criticar muitas posturas, o consumismo principalmente, e não me policio muito na hora de expressar minha postura, mas devemos nos lembrar que o respeito a diversidade humana e o esforço para a boa convivência é unicamente o que de verdade importa.

Convido-o a se questionar e reavaliar seus hábitos, pode ser um pouco desconfortável de início, mas tenho certeza que o questionamento constante e reavaliado nos leva a sermos pessoas mais verdadeiras, plenas e boas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Geração Perdida

Nossa geração já tem um apelido! Que gracioso, somos denominados de "geração perdida", o perdida aqui no sentido de desperdiçada, menos mal.

É que, temos talento, desenvoltura e muito estudo, só não temos emprego, o Mercado de Trabalho está nos desperdiçando. E para alguns isso significa que nós não temos nada. A situação é tão caótica que 50% dos jovens (entre 20 e 30 anos) estão sem emprego na Espanha. O que é uma característica de todos os países, uma vez que a geração anterior está toda empregada pelos próximos 30 anos, e no Brasil somos em maior número, e ainda tem o desenvolvimento tecnológico, isso é temos menos vaga, mais máquina e mais gente... Isso para mim beira o maravilhoso (tentarei explicar melhor), mas nem todos os meus companheiros de jornada pensam assim. No link, que me lembrarei de por abaixo, vocês poderão ver uma das declarações que mais me chocou, a jovem diz que estudou, se esforçou, aprimorou e não está empregada, concluindo que isso tudo foi feito "para nada".

É bem verdade que nos venderam o estudo universitário como um passaporte da alegria para o Mercado de Trabalho, que por tanto tempo guiou nossas vidas e condutas. Eu estou nessa situação, fiquei extremamente frustrada de não entrar no Mercado de Trabalho (MT) tão logo consegui meu diploma, e o pior foi notar que nem sequer abriam vagas (todas exigiam experiência), e todos os meus colegas enfrentam a mesma situação, quer dizer que o problema não é minha falta de competência. Isso de início assusta, parece que não terei futuro, que não conquistarei uma vida digna, que não valho para nada, e que o estudo foi um tempo perdido... Mas agora, um tantinho mais madura, vejo com outros olhos!

Eu tive uma ótima oportunidade de escolher o meu curso de acordo com meu interesse, amei cada ano e cada fantástica descoberta sobre os oceanos. Agora estou fazendo mestrado, continuo aprimorando meu conhecimento e com tempo de me preocupar com minha conduta moral, aprimorar o meu caráter, cultivar um relacionamento saudável com os seres divinos que me rodeiam.  Consigo tempo, conversa e subsídio para formar um olhar crítico a respeito da sociedade e meu lugar nesta. Vocês conseguem acompanhar que maravilhosa oportunidade essa "geração perdida" está tendo? Na minha opinião, hoje está rolando uma revolução, profunda. Temos uma imensa liberdade, não precisamos (na marra) depender, nos vender, para o MT, podemos nos dedicar a construir um mundo melhor. Existem diversos subsídios para fomentar projetos de cunho socioambiental. Basicamente, o que vejo é um planeta implorando (isso é, dando todos os motivos e meios) para que nós não tentemos ser uma nova versão do velho. Temos que ser diferente, temos que parar de nos preocupar com o micro, com o nosso umbigo, com nossa família (de sangue) que ainda nem existe. Passar num concurso público visando apenas dar educação, conforto e todas as condições necessárias para o desenvolvimento de nossos filhos, já foi feito por nossos pais. Nós somos os filhos, e não recebemos tudo isso só para termos outros filhos e assim por diante, e diante, e diante... O que vamos fazer com todo suporte que nos foi dado e oferecido?



Bom, eu sugiro que você pense, reflita e encontre sua própria resposta. A meu turno eu estou realizando uma verdadeira revolução mental. Estou me livrando da dependência do MT, da busca pelo capital, cheguei bem a conclusão de que preciso muito mais de uma horta emancipatória do que de um carro zero, conclui que preciso fortificar o meu caráter e minha moral muito mais do que aprimorar o inglês. Que preciso buscar o bem-estar dos que me rodeiam, no meu bairro e cidade, do que o topo de uma carreira. Conclui que olhar nos olhos do catador de latinha e conversar com ele me satisfaz mais do que comprar uma bolsa de incríveis 200, 300 reais (quanto vale hoje uma bolsa com status? eu já nem consigo acompanhar esse conceito.).
Muitas pessoas que conheço chegaram a conclusão diferente, concluíram que seus pais alcançaram um nível social e cabe a elas subir para o próximo. Eu não sei bem onde essas pessoas querem chegar, e porque fazem isso, talvez elas desejem muito, muito, muito ter um iate, mas o que eu sei é que preciso respeitar essa decisão, se elas se sentem satisfeitas dessa forma isso é ótimo, se possuem um lugar no MT para se dedicarem em tempo integral, afim de satisfazer suas necessidades, isso é ótimo.
Mas, nós que estamos de fora estamos tendo a maravilhosa oportunidade de analisar criticamente se é isso que queremos, ou precisamos. E pensar maior, além da vida de uma única pessoa (a nossa), pensar nas diversas vidas em conjunto, pensar no planeta. Seria mesmo interessante para o mundo que você passeasse de iate? Isso não é terrivelmente pequeno, não fornece um prazer ridiculamente passageiro e volátil?

Vou ficando por aqui, dizendo que estou profundamente feliz em participar dessa mudança mundial, que chamamos de "crise", de "desemprego", de "desperdício". E dizendo, mesmo correndo o risco de parecer ridícula, que o mundo pós-crise que eu deslumbro é muito mais humano. Na minha opinião essa é a única (e maravilhosa) saída que vejo, rezo para que não inventemos artimanhas bizarras para continuarmos nesse velho sistema desgastado, rezo para que não resistamos a essa mudança fascinante que vem ocorrendo pacificamente, de mente em mente. Vejo o mundo dos jovens sustentáveis, nós simples e risonhos, que nos reunimos domingo a tarde para correr na praia ou passear de bicicleta, nós somos o simbolo máximo de progresso e desenvolvimento, temos que nos conscientizar disso e sentir o prazer de ser quem somos, sem resistência!

Espero que leiam essas matérias com outros olhos, sem medo ou desespero:

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sustentabilidade/sustentação!


Aparentemente, podemos dizer que o nosso objetivo principal tem sido descrever, para então podermos estudar, a realidade. E a tarefa não é fácil...

Desde filósofos antigos temos gerado produtos a fim de atingirmos essa meta, pois os produtos gerados foram tantos e tão incríveis que acabaram por nos desviar de tão nobre objetivo.
Me explico melhor, imaginemos que duas pessoas vejam uma batida de carro, cada uma irá descrever o ocorrido de uma maneira, de acordo com seus conhecimentos, elas escolhem palavras mais elaboradas ou simples, conforme a sua cultura, ela pode “tomar partido”, por exemplo se uma costuma correr a causa do acidente está na estrada mal acaba, a memória pode influenciar, uma recorda mais detalhes, existe ainda a possibilidade (consideravelmente comum) de alguém mentir.

Enfim, uma realidade pode ter diversas interpretações, e ainda partimos do fato de que nenhuma dessas interpretações será a realidade em si, pois há uma distorção entre o fato vivido e o narrado, consistem em duas ações distintas. Nesse caso, inventamos a linguagem considerada mais real e menos passível de sofrer distorções, a matemática, que se desenvolveu nas suas parentes. Dizer que o carro estava muito rápido é vago, e depende do conceito particular de cada indivíduo, mas dizer que estava a 120Km/h é indiscutível.

Obviamente, que a finalidade principal da matemática não é aplicar multas mais exatas, calcular o numero de miseráveis no planeta, dar valor a pedaços de papéis... isso não passa de distração, a verdadeira finalidade da matemática consiste em ser uma linguagem precisa no desenvolvimento da ciência, que pouquíssimas pessoas se interessam, pois a distração é tamanha que nos engoliu, a ponto de ignorarmos quais são os cientistas da atualidade e o que os preocupa no momento.

Li numa revista uma analogia legal, a ciência é o alicerce de uma casa num plano de lama. Construímos alicerces que consideramos profundos, sem no entanto termos a certeza de terem alcançado solo firme, a partir dai começamos a construir uma casinha, que se tornou um sobrado e a partir daí um imenso castelo em constante ampliação.

Pode ser que alguns estejam se dando conta de que o castelo está lentamente se inclinando para um lado, e que precisamos parar de ampliá-lo para lhe fortificar a estrutura, ou senão ele irá ruir de um momento ao outro. Eu imagino que no momento, precisamos embasar o castelo social nos pressupostos ambientais.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Desenvolvimento para quem?


No fundo do meu peito eu sempre senti uma repulsa por megaempreendimentos. Acho que sou muito ambientalista, e gostaria de preservar todas as paisagens naturais. Mas, eu entendo que a tecnologia é algo positivo e benéfico, etc coisa e tal. Além do mais tem todo aquele discurso, que costuma me espremer contra a parede e calar meus argumentos sentimentais: Empreendimentos geram renda e emprego. Que coisa linda, sem dinheiro ninguém pode fazer nada, correto?!

Pois bem, tive a felicidade de conhecer inúmeras pessoas que sentem, como eu, que tem algo muito errado nisso tudo. São pessoas mais experientes e bem informadas, que me ajudaram a entender porque eu sinto isso e porque devo dar mais ouvido ao meu coração do que aos argumentos (supostamente) lógicos.



Vamos começar com a fabulosa geração de renda. Aqui em Rio Grande, tivemos o enorme privilégio de receber um Pólo Naval! Que beleza, geração de renda para o município... Bem, na realidade, que não foi discutida, debatida, se quer informada aos locais, uma porção muito pequena do imposto fica na cidade. O que fica são os (irrisórios) salários. Por outro lado, a população da cidade aumenta a olhos vistos (todos querem morar em uma cidade rica, correto?) demandando mais serviços, como transporte, saneamento, educação... A poluição, inevitavelmente, aumenta, pelo número de carros e máquinas, aumentando problemas de saúde, que novamente demandam serviços de saúde. Acontece, que essa nova população não tem como ser contabilizada (ninguém transfere título de eleitor), impedindo que a prefeitura reivindique (de volta) a verba do governo federal! De onde se conclui que, no nosso caso, os empreendimentos estão empobrecendo o município. A esperança é que com esse punhado de gente possa se fortalecer o comércio local, e a criação de iniciativas mais positivas.

Todos aplaudem a criação de empregos! Vamos começar essa conversa esclarecendo a impossibilidade de se criar emprego, ok?! Isso não existe, o que acontece é a empresa, fábrica, ou seja lá o diabo que for, se utilizar da mão de obra disponível, assim, podemos ter claro quem é que depende de quem. Continuando com o exemplo de Rio Grande, a mão de obra foi trazida do Rio de Janeiro, sabe-se Deus porque, a enormidade de cursos técnicos continuou formando “desempregados”, e nossos amigos cariocas, foram convidados a se retirar de sua cultura, deixar sua família, para vir se enfiar num lugar frio e ventoso. Esses amigos moram em casas antes alugada para estudantes (a preço de banana) no inverno e a turistas no verão, agora são alugadas num valor altíssimo o ano todo e comportam uma média de 10 pessoas por quarto! Já deu para notar um conflito ou devo esclarecer melhor o choque cultural?

Se você ainda está afim de ler mais um pouco, podemos continuar nossa conversa! Eu penso que apesar dos pesares e do meu coração doer imaginando os novos índices de violência, drogadição e prostituição da minha cidade, apesar de ver o pampa ser transformado (para não dizer reduzido) à shopping center, reconheço que o tal polo naval tem por objetivo fortalecer a soberania nacional. Estamos fazendo plataformas para a recém-nascida indústria do pré-sal. Que, bem ou mal, vai empoderar a nação.

Agora, peço licença para comentar outro caso de megaempreendimento. Esse se passa aqui do lado. O Uruguai é um país que muitos consideram “parado no tempo”, hoje acho que é (ou costumava ser) muito a frente do nosso tempo! As pessoas são tranquilas, simpáticas e felizes, não há discrepância educacional, todos pensam, independente de sua renda ou ocupação. Bem, não existem shoppings center (estou falando da região de La Paloma, que conheço melhor), e as pessoas pagam mais caro em alimentos com qualidade absurdamente superior a nossa, elas não trocam de carro a cada ano e desconfio que algumas não possuam celular. O leite, imaginem só, tem gosto de leite!

Mas, da última vez que tive o privilégio de estar lá, notei uma nova estrada, totalmente desnecessária, pois o trafego de veículos é irrisório. Perguntei: porque essa estrada? É para o novo porto! Sim, o Uruguai está se “modernizando”, alguns diriam até, se desenvolvendo. Em La Paloma, já estão construindo o porto para o transporte das madeiras. Isso mesmo, já existe uma enorme plantação de pinus nas margens do Rio da Prata, plantação essa que criou conflito com os Argentinos, expulsou camponeses (pequenos agricultores) concentrando as terras nas mãos de poucos (gringos), secou arroios e lagos, alterou a paisagem local e vem empobrecendo o solo. Essa madeira agora vai escoar via La Paloma, para que algum país a manufatur e revender cobrando 100 vezes mais.

Outro progresso que vem agraciando o Uruguai, é a construção de portos de profundidade, esse eu não sei exatamente onde vai ser, e seu objetivo, além de criar emprego e renda (fictícios) será o escoamento das, já ativas e atuantes mineradoras! Claro, você pode imaginar que a demanda interna do Uruguai por minério é nula, como disse, as pessoas costumam ser pessoas e não mini-bancos, elas não necessitam circular capital para sentirem que fazem parte do mundo.
Agora, que alcançamos o limite planetário (verdadeiro motivo das crises), que ninguém expõe na mídia, pois eles estão ocupados tentando te vender shampoo, o Uruguai passou a ser rico em ouro, pode-se extrair até 100g do minério em 1ton de solo!!! Sim, sim, fica um rombo fenomenal, e a quantidade de (sub)empregos e renda gerada não necessita maiores discussões, correto?! No congresso em que eu estive, foi dito que na realidade, a mineração, por impedir outras atividades, gera na realidade um deficit de empregos, ao impedir a pecuária. Isso sem entrar no mérito que parte desse minério volta ao país na forma de “cacarecos” chineses. Por exemplo, compra-se a panela importada, por apelo comercial, num impulso natural de inovação e até pelo valor, e deixa-se de alimentar o pequeno comércio de panela de barro, até o momento em que ninguém mais sabe fazer panela de barro e passa a depender dos produtos industrializados importados.

Foi interessante, nesse feriado em que estive em La Paloma, foi a primeira vez que ao ver baleias não senti paz, harmonia, tranquilidade e esperança. Sob um céu azul, eu vi as pessoas se juntarem na praia para admirar as baleias, que sem saber o que se passa sobre as mesas dos tomadores de decisão, nadavam próximas à areia amarela. E aquelas pessoas apenas olhavam, esse é o passatempo em La Paloma, admirar a vida marinha, eles não gritavam, ou aplaudiam, eles não tiveram que pagar para isso, eles estavam apenas acalmando a alma, pertencendo àquela “vibe”, e isso era horário comercial de dia "útil". E eu, importunando a atmosfera pacífica, me perguntava se eles vão conseguir se dar conta do que está se passando antes que seja tarde de mais. Me perguntava se, assim como os corais e a vida marinha de Angra dos Reis, que não existe mais, terei que guardar as baleias de La Paloma na memória, para tentar passar só um pouquinho dessa sensação para minhas sobrinhas, se elas tiverem tempo e curiosidade de saber...


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Alerta geral


Foi linda a comoção brasileira pela morte de uma pessoa tão contagiantemente alegre como Hebe Camargo. Eu, para ser franca não dou muita bola para celebridades, mas os relatos pós-mortem foram tão tocadamente positivos que me comovi.

Pois bem, senhores, eu vi artistas e políticos chorando e relatando o brilhantismo da apresentadora, que o discurso do tal peritônio e do câncer doido que pega a todos teve um papel secundário, ofuscado pela luz da paciente. Muito bom, gostei disso, valorizar o positivo, o bom e o belo. Mas, acho que vale pegar o bonde e pormos a cachola para funcionar. Estamos encarando o cancer como uma fatalidade na qual somos meros jogadores. Investimentos brutais se voltam para aprimorar a cura, com mais e mais químicos e tecnologia de ponta. Mas e a causa, companheiros?!

Trazemos para nossas casas as (antes consideradas) saudáveis verduras, legumes, hortaliças e afins (atualmente) recheados até os tubos de agrotóxicos e pesticidas. Faça a experiencia de comprar um orgânico, ele vai se decompor 10 vezes mais rápido! Nós mumificamos nossos alimento... É incrível pensar que chegamos ao ponto de desenvolver pesticidas tão exterminadores, como o roundup da Monsanto, que tivemos que ter a brilhante ideia de recriar plantas (OGM) tolerantes a eles. Ainda não recriamos tecidos humanos, nem órgãos, mas isso vem com a seleção natural, talvez?! Me pergunto se o presidente da Monsanto consome vegetais geneticamente modificados, recheados dos seus agrotóxicos, será que ele pensa nisso, se preocupa com isso?

A ideia é (ou deveria ser) sair do egoismo individualista que perdura triunfante nos dias de hoje. Mas mesmo os que, preocupados com sua própria saúde, consomem produtos orgânicos, os ricos indivíduos que plantam seu próprio alimento, sem alimentar a industria do agronegócio, mesmo esses, respiram, e estão em contato com a mesma atmosfera contaminada de todos nós, se sujeitando ao amigo da vez, o cancer. Eu sei, que as variáveis que culminam no cancer são diversas, genética, estresse, etc, mas eu sinto (e essa eu considero outra causa grave, não sabemos mais sentir) que os produtos químicos são a principal causa.

Ademais essa doença atingindo inúmeras pessoas só pode ser um alerta para forma como estamos conduzindo nossa existência nesse planeta. Palavras como felicidade e amor não tem espaço em noticiários e na boca das pessoas respeitáveis. Apenas economia e tecnologia é o que importa, é nisso que se resumiu a necessidade da alma humana. Se você não consegue se sentir feliz com isso, mesmo gastando fortuna em shoppings center, mesmo tendo o mais moderno e tecnológico iphone, então, pobre de você deve estar doente e necessitar remédios psiquiátricos. 

O meu diagnóstico pessoal é diferente, se você não se sente feliz, em uma cidade fedorenta, cinza e barulhenta, se você não se satisfaz num shopping center, se para você não faz a menor diferença se seu celular tem o maior número do mercado (estamos no iphone 5?!), se para você a roupa do teu colega não tem a menor importância comparada com o que o que ele pensa, se você prefere alimentar sua moral e coração do que tonificar seu glúteo, então, por favor, seja bem vindo à realidade! Você não é doente, esquisito ou uma escória social, você é uma pessoa de verdade! 

Por favor, reflita sobre esse alerta. 
Muito obrigada.

sábado, 15 de setembro de 2012

Desevolução...


E SE não formos os animais mais evoluídos do planeta? Digo, fomos nós (mais precisamente Darwin) que estudamos e elaboramos a teoria da evolução das espécies e nos colocamos no topo, correto? E somos nós também que acreditamos na impossibilidade da existência de uma Verdade Absoluta, a ser atingida no nosso grau de consciência! Assim, tudo pode e deve ser questionado. Tomo licença para questionar o evolucionismo do reino animal. E imaginá-lo ao contrário, como me faz mais sentido.

Voltemos ao homem da caverna, imaginemos que os outros reinos (chamados de reinos) que não o animal, já exista. A atmosfera está propicia a vida graças aos microorganismos (seriam moneras? Tem hífen? aaaf...) e temos um exuberante reino vegetal que nos alimenta. MAS, não temos pele de animais para nos protegermos das intempéries, e temos que ficar juntos e abrigados do frio intenso, muitos morrem de frio, de calor, enfim, temos que buscar tocas, nos limitando espacialmente e temporalmente, mal podemos colher no inverno, temos que morar em regiões de clima ameno e que haja proteção, como tocas e coisas assim.

Eis que, um de nós nasce com cabelos por todo corpo! São os pelos, ele pode sair e se alimentar mesmo nos dias mais frios, com o avanço da “biotecnologia” desenvolveu habilidades de subir em árvores, ele estava então muito mais adaptado a vida. Ele (e seus descendentes) trazia vegetais para os “entocados”, mas isso parecia não ser suficiente para alimentar a crescente população faminta, que começou a atacar e matar os “adaptados” para se alimentar deles. Esses se sentiram obrigados a se afastar de uma vez por todas do grupo, e foram dando origem a outros animais ainda mais evoluídos e mais livres, os peixes são um avanço enorme na evolução, pois conseguiram dominar maior espaço da terra.


Logo, podemos não ser os mais evoluídos e sim os menos. Note, dependemos de palavras e gestos para uma comunicação falha e repleta de desentendimentos. Assistimos violência contra nossos semelhantes para sentir prazer (chama-se cinema, a evolução dos gladiadores), o que me parece um hábito bastante primitivo, não?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O revolucionário

Essa é curtinha! E para mim foi surpreendente, é interessante como mesmo estando a tantos anos no RS eu não conheço todos os conceitos deles, pensando bem, acho que é interessante como mesmo estando a tanto tempo nesse planeta eu não entendo vários conceitos. Mas, ok, não vou fugir da especificidade do acontecido.

Estou tendo uma disciplina muitooo interessante com um professor da geografia, ele tem o encantador hábito de falar o que pensa, e melhor ainda, pensar criticamente e com embasamento de grandes pensadores. Sua matéria é planejamento territorial, Rio Grande é um estudo de caso perfeito, pois encontra-se em franco crescimento economico com ZERO desenvolvimento, eu diria até um retrocesso, que palavra expressaria isso? Desdesenvolvimento? Entretanto, ao que parece, existe um consenso entre os outros professores que crescimento é progresso (e ponto final), gerando assim, um conflito de opiniões.

Eis que certo dia, aqui na FURG mesmo, próximo ao "corredor da geografia" me deparo com uma amiga, com a qual fiz estágio ano passado, e como ela se formou em geografia, então eu comentei do professor. Entre os adjetivos que usei no comentário estavam: maravilhoso, interessantíssimo, polêmico. Nesse último, ela foi abrindo mais os olhos, creio que chegou a mantê-los arregalados, enquanto olhava para os lados e por fim diminuiu o tom de voz e me sussurrou o seguinte:
- Os professores daqui da geografia não concordam muito com ele, há até quem o chame de... (olhou novamente pelos ombros e baixou ainda mais o tom de voz)... revolucionário.
Puxa vida! Essa palavra me causou um excitamento tão grande! Um verdadeiro alvoroço interno. Passado esse êxtase momentâneo, percebi que talvez essa alegria não fosse a reação esperada.
- Nossa, e revolucionário é um xingamento? não é uma qualidade positiva?
  Ela pareceu meio confusa, como que enfrentando um dilema inesperado. E concluiu simplesmente:
- Ah, depende do contexto.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Comparação esdrúxula

Um pensamento me veio na cabeça. Foi uma aversão a comparação (talvez seja um sentimento, mas não sei precisar a diferença exata entre os dois, então deixamos assim). Deve ter tido sua semente na disciplina de zooplantologia. Não sei dizer com certeza. Essas coisas que acontecem conosco, uma ideia vem e posa sobre nossa cabeça, como uma mosca. Há quem espante prontamente, alguns até lavam a cabeça, eu deixo lá, imaginem que às vezes a mosca põe ovos, larvas que me entram cabeça a dentro. E eu como hospedeira, e até anfitriã, comecei a observar, e como boa aspirante a cientista, tomar notas (mentais, é verdade, mas ainda assim, notas!).
É bem verdade e até indiscutível que não haveria o belo se não fosse o feio. Até ai tudo bem, afinal são dois conceitos construídos, não há problema em haver uma dependência mútua, eles foram feitos assim. Acontece que ficou fácil, sabem simples, e decidimos extrapolar e sair por ai comparando tudo e, o que é pior, todos. Ficamos viciados e dependentes de comparações de modo geral, a tal ponto que não sabemos avaliar, sem comparar. Ora, como é possível que tudo seja comparável? Não é, mas nós damos um jeito, para facilitar, simplificar, ajudar a tomar decisões, tirar vantagens, e por aí a fora.
Parece não ser tão prejudicial, correto? Pois saibam que eu, sim, mesmo com a mosca na cabeça eu fui vítima, ou algoz, de uma comparação, e trouxe para casa mexericas podres! Vejam bem, eu estava morrendo de vontade de comer mexerica, por aqui tem época de mexerica, e não estamos em tempo, mas eu via cascas por aí, vi na bolsa de uma amiga, sentia o cheiro, sonhava! E então, hoje no mercado, pensei que tinha de sair de lá com as desejadas mexericas... fui na gondola e reconheci que não estavam uma beleza, mas a vontade era tanta, fiquei olhando, apalpando, uma por uma, até que: "olha essa não tá tão molenga, não tem furos nem manchas acinzentadas". Continuei em busca de mais duas, ao menos mais duas, e encontrei! Maravilha! botei naqueles odiosos saquinhos, pesei e fui-me embora. Mas, eis que ao chegar em casa: "credo! essa mexerica tá podre!" será que ela veio apodrecendo no caminho? não amigos, 30 minutos a 20°C não apodrece ninguém, a mexerica estava exatamente igual no momento da compra, maaas, comparada com as outras ela estava ótima, mesmo estando péssima!
Para convencê-los da perversidade da mania/vício/dependência da comparação, permita-me lhes contar outra história, a do início, de zooplancton:
A matéria foi muito boa, eu estudei pra dedel e o professor era jóia, ainda assim, peguei exame! Tudo bem, tudo ótimo, mas não consegui notar em que poderia ter errado, então fui ter com o professor.
Ele me mostrou a prova, ao lado tinham três valores rasurados antes da nota final... e eu li a prova não tinha nenhum "x" vermelho... perante minha cara de "ãhn?!" ele disse:
-Olha Évellin, eu bem que tentei te dar a nota que você precisava (só aí já matou minha contra-argumentação se tem uma coisa que não quero é que me deem nota, ou eu conquisto ou não, mas enfim...) só que seria injusto com seus colegas. Veja, aqui você até cita as 3 funções que eu pedi, mas alguns colegas citaram todas as 9 funções e ainda as explicaram. Você me entende? Senti que estaria desmerecendo o esforço dos colegas.
Ok. Sem problemas, de 9 eu mal tinha conseguido lembrar 3, confessei para mim mesma que nem tinha certeza da terceira, eu tinha dado um tiro certeiro, mas que saiu pela culatra. Não sei de que lado vocês estão, se concordaram com o professor, se ainda acham comparação algo saudável e inofensivo, mas eu lhes digo o que depois vim a saber:
O colega que citou e explicou as 9 funções da patinha do bichinho havia levado para a avaliação um material de consulta, cola, para ser mais direta. Bom, então minha prova que na verdade estava correta e seria 10 numa avaliação imparcial se tornou 7, me levando a exame (uma vez que fiquei com 6,2 com a primeira professora)... 
Sinceramente, é muito ingênuo achar que podemos simplificar toda complexidade e individualidade de cada ser humano para simplesmente compará-los uns com os outros, e não apenas isso, fazemos isso com sistemas inteiros! Os mangues não são tão bonitos quanto praias dotadas de mata, então não precisamos deles, constrói-se aqui no mato fedorento esse rico porto que simboliza o progresso da nação. ignorando toda particularidade que apenas eles, os mangues, são capazes de fornecer. O estabelecimento de padrão ao invés de ajudar na tomada de decisão, prejudica.
Defendo a posição de que não é externa a avaliação que tens de fazer de si próprio. Quanto seus colegas de faculdade estão ganhando no momento não vai te deixar mais rico ou mais pobre. A massa muscular da tua amiga não vai te deixar mais forte. O tempo médio de corrida dos corredores de rua não vai te deixar mais veloz (talvez te infarte). Mas sim, o seu histórico e posição (como vc se sente) perante a teus próprios números (isso para aqueles que ainda precisam de números), suas particularidades.
De onde se conclui que comparação é uma avaliação parcial, simplista e esdrúxula baseada na falta de dados reais. E o individual não é apenas parte do todo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Não Fuja da Raia

Semana passada uma amiga minha me contou uma experiência, ela chegou no seu trabalho carregando um sorriso no rosto (apesar dos problemas) e um colega lhe disse ríspido:
- Você está usando todo esse material? Deveria organizar melhor isso aí. Já parou pra pensar que você não é dona desse prédio?
A surpresa foi tamanha que ela mal conseguiu se mexer.
Ela me contou essa história entre lágrimas, e continuou o desabafo:
- Keith eu não sou folgada, nossa eu é que me sinto sem espaço lá! O pior é que depois de ter feito isso ele tentou puxar papo, tentando ser agradável como se nada tivesse acontecido, você acredita? Só que não estava tudo bem e eu só conseguia responde-lo de maneira monossilábica e grosseira.
Hum... que interessante! Claro, o sofrimento dela não é interessante, é triste e eu tentei aconselha-la como pude, mas não consegui deixar de reparar como é comum, mesmo conhecendo o clichê, nós não encararmos nossos problemas!
Pra mim fica claro que o "tentar ser agradável" do rapaz ao puxar assunto, nada mais é um pedido de desculpas, ou pelo menos um tentar fazer as pazes. Por outro lado, as respostas grosseiras que ele obteve era na verdade minha amiga tentando dizer: "Meu, eu não gostei nenhum pouco da forma como você falou comigo".
Agora, porque nós agimos assim eu não sei? Aliás como está raro as palavras mágicas: obrigada e me desculpe, em especial! O por favor até é batido, pois sem ele o favor não acontece, mas a educação que vem depois da ação...
Eu e minha sogra conhecemos o Hoo'ponopono, é uma filosofia que nos leva a direcionar, mentalmente, 4 frases à divindade, toda vez que nos inquietamos, as frases são: "Sou Grato", Eu Te Amo", "Sinto Muito" e Me Perdoe" (não necessariamente nessa ordem e pode-se repetir apenas uma ou mais, como sentir a vontade) as duas últimas frases instigaram meu namorado... "hum, bastante submissa essa filosofia, não?!" Eu tentei argumentar, não é submissão, é humildade. Não sei se convenci, não sei quem está certo (se existe certeza), só sei que pedir desculpas parece ser visto como um gesto de submissão e inferioridade pela maioria das pessoas...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Limites do crescimento


Vejo muitas posições em relação ao meio ambiente, muitos acham que devemos explorar todos os recursos disponíveis, alguns acham isso mas fingem que não, outros se preocupam com o meio ambiente, sem saber muito o porque e de tão preocupados e conscientes deixam as garrafas PET num saquinho separado, outros nem pensam nem fazem, e de outro lado, há (embora eu não conheça ninguém) quem quer preservar o meio ambiente a qualquer custo e que todos os seres humanos se mudem para ocas.

Eu não vejo nada de errado em nenhuma posição, acho que todos os assuntos tem essas várias respostas. A minha posição é conservadora, chego perto do último grupo apontado. Por mim se derrubem os prédios e reconstruam-se as florestas! Mas, eu tenho alguma noção de que isso não é uma posição lá muito razoável. E confesso que gosto de navegar na internet.

Mas afinal, porque devemos nos preocupar? Por causa da camada de ozônio, ou do efeito estufa?

Para mim, devemos nos preocupar porque as paisagens naturais são fabulosas, ficar em contato com a natureza deixa minha alma leve, me faz sorrir e querer viver em paz, me preenche de amor! E é muito chato ver plástico no pico de uma montanha ou na cava de uma onda. Mas, para algumas pessoas (aproximadamente 6.7 bilhões) isso não faz o menor sentido, elas vivem em cidades e viajam para conhecer construções humanas, não acreditam em alma, e gostam mesmo e de ganhar e gastar dinheiro, comumente exigem uma vida muito confortável. E é essas pessoas que devem ser informadas da maneira mais adequada possível, pois são elas que mandam, tá que tomam as decisões.

Pois então, existe um estudo muito sério e conceituado (tem a sigla MIT por trás) chamado limites do crescimento, bem advinha só, o crescimento econômico é algo muito bacana é que todo mundo curte, porém, ele é baseado em recursos naturais, já ouviram falar em petróleo, ferro, alumínio? E esses recursos tem fim. Ademais, nossa vida depende seriamente de ar puro e água limpa, devo dizer que em TODO (e todos) processo de produção “inserimos” dejetos no ar que respiramos e água que bebemos, e fazemos isso sem maiores conseqüências porque o ambiente consegue se depurar, é aquele papo de evaporação e tals. Maaaaaas (sempre tem um mas) essa capacidade tem limite! Então, corremos sério risco de colapsar o planeta, de ultrapassarmos a capacidade de suporte da Terra. E como (e quando) será esse colapso? Depende da postura que adotarmos agora, pode ser brusco ou podemos atingir a sustentabilidade de forma consciente, como uma escolha, e não sermos constrangidos a mudar nossos costumes por falta de opção.

E então é por isso que devemos nos preocupar seriamente com a questão ambiental, se o planeta está esquentando ou esfriando, e de quem é a culpa, é algo importante de se discutir, mas acho que deve ficar entre os especialistas da área e a nós cabe pensar na sustentabilidade de nossas ações.  

sábado, 21 de abril de 2012

Nossa missão

Eu meio que acredito nessa parada de ter uma missão para realizar na terra. Mas, isso sempre me deixou muito incomodada, pois eu não sabia qual era a minha. Eu imaginava que iria descobrir um dom, algo que eu realizasse maravilhosamente bem sem muito esforço... mas, isso nunca aconteceu, e o pior, me levou a desistir de muitas coisas. Por exemplo, na primeira aula de bateria (pintura, ballet, natação, equitação, piano, coral, educação física, taekwondo, capoeira etc) o professor não disse "Uau, você é muito boa nisso!", então, logo desisti.
Falando agora parece meio imbecil, mas na minha cabeça adolescente e sem muito auxilio fazia sentido, e era fácil. Mas, o tempo foi passando, as opções foram diminuindo, e nada em que eu me destacasse apareceu.
O que aconteceu foi que todo mundo tem que fazer faculdade, no Brasil é assim que funciona, vc deve primeiro fazer faculdade, para depois saber o que fazer com ela. E o pior, vc nem sabe que curso escolher.
Enfim, por algum motivo (algo entre amar praia e me sair melhor nas exatas) escolhi fazer oceanologia. Amei o curso, mas... me formei. Ainda não tinha muuuuito claro o que fazer da minha vida, tinha alguma ideia, mas como a oferta de emprego por aqui é rara e tenho alguma resistência em ir a Sampa ou Rio, me meti no mestrado. E bem, agora sim, eu me achei, quero ser ambientalista. Sei que ainda é algo abstrato. Mas, o que eu queria mesmo era escrever nesse post o que me levou a me descobrir, para poder dar a dica a um filho ou sobrinho...
Bom, acho que o primeiro passo é perceber o que mais nos incomoda. Qual é o problema com o mundo que mais nos preocupa. No meu caso foi o meio ambiente. Dentro dessa grande preocupação/tema, devemos achar onde nos encaixamos, levando em conta nossas vocações. Só assim nos sentiremos satisfeitos, e com a sensação de missão cumprida, ou em vias de, como é o meu caso. Podemos nos sentir parte da sociedade e trabalhar por ela de maneira genuinamente útil.

sábado, 14 de abril de 2012

obstáculos!

Eu costumava ter uma visão de que as coisas simplesmente acontecem, devemos deixar o destino agir quando se trata da nossa vida! Então, quando algo dava errado eu dava de ombros e pensava "não era para ser". Se eu não achava alguém quando procurava: não era para falarmos. E desistia, simples assim!
Mas aí, as coisas não aconteciam, eu não resolvia meus problemas, eu os abandonava e comecei a me questionar se na verdade isso não era destino e sim preguiça. Comentando isso com minha sogra ela me disse "quando as coisas dão errado aí é que eu tento mesmo, como se fosse um desafio". Fiquei pensando nisso...
Um amigo meu, prestou concurso para ser bombeiro, passou bem colocado, foi para prova prática, amou o lugar, as pessoas, sentiu que queria mesmo fazer aquilo, sentiu que lá era seu lugar. Entretanto, antes de sair o resultado um motorista o acertou, enquanto andava de bicicleta, ele teve a "sorte" de só ter alguns ossos quebrados (seu amigo morreu). Teve que ficar sem andar e perdeu a vaga. Algumas pessoas, da linha conformista de raciocínio, disseram, "bem, não era pra você ter passado, talvez não seja pra você ser bombeiro". Mas, acontece que ele sentiu, é isso que ele quer.
Agora, analisando essas histórias eu penso que talvez os obstáculos sejam uma maneira de provarmos nossos interesses, desistir no primeiro tombo, convenhamos, não é querer de fato. Não seria uma conquista, não haveria mérito.

domingo, 8 de abril de 2012

Referencial



Eu sempre digo que o que mais gosto em acampar é de como minha casa fica melhor, mais luxosa, toda vez que retorno!
Meu chuveiro funciona melhor, nem penso em reclamar do tamanho do banheiro, ele fica me parecendo perfeito. Mas, veja bem, eu não gastei um tostão com meu lar, eu nem sequer estive nele, o que eu mudei foi minha percepção.
Talvez com tudo na vida seja assim. O problema daquela pessoa, não é a pessoa em si, e sim o modo como a encaramos.
Talvez o mundo não seja tão ruim assim... mas, a visão diária das notícias e comentários do senso comum nos levem a ter uma visão de mundo e humanidade totalmente equivocada (ou seria melhor parcial?).
Não digo que o mundo não tenha problemas, ou que devemos nos manter alheios a eles.
Minha casa continua a mesma, com a mesma mancha na parede, o mesmo piso quebrado e banheiro pequeno, só que agora eu foco mais na maravilha de um chuveiro quente, uma cama confortável e uma cozinha todinha pra mim!

domingo, 18 de março de 2012

Lixo Extraordinário


http://www.youtube.com/watch?v=udpDCiLrg4k
Lixo Extraordinário!

Já é meio antigo (2010), e eu já tinha visto (e me impressionado com) as fotos, mas só hoje vi o documentário, que basicamente pulou no meu colo, não sei bem dizer como.
Enfim, a história é toda inacreditável, fantástica! Começa com um artista plástico dos EUA que nasce numa família pobre de São Paulo. E ele resolveu fazer arte para ajudar as pessoas, planejou fazer retratos de pessoas que trabalham no aterro, com lixo.

Bem, achei muito intenso o documentário como um todo, é excelente, mas me chamou muita atenção o final daquelas pessoas, esse trabalhou mudou a cabeça delas. Parece muito positivo, chegar a uma pessoa com uma condição de vida subumana e mostrar outra realidade a ela, tirar "o espesso véu da ignorância", parece completamente positivo. Mas, e o depois? Como ela vai voltar para aquela realidade com esse novo olhar? Seria como eu, ou você, começar a viver numa situação dessa...
Bem, no final, pelo pequeno texto que exibiram dando um parecer de cada um, parece que ninguém cometeu suicídio, como eu previa.
Outro ponto interessante é: como os nossos problemas se tornam pequenos e insignificantes perto de uma realidade tão brutal quanto essa. Eu praticamente não dormi depois de dar uma aula que não foi tão fabulosa quanto eu gostaria. Será isso um problema realmente grande?
Por fim, o que fica mais forte pra mim é que separar o lixo no conforto do meu lar, é pensar no final da "cadeia produtiva" e ajudar a tornar um pouco mais digna a vida de quem vive da reciclagem.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Los Mensajes de Los Sabios


Eis que decidimos fazer uma grande viagem, meus pais, meu amor e eu. Para minha satisfação pessoal teríamos que ver os Andes e o Pacífico, meu pai fazia questão de conhecer o sul do Chile. Assim, partimos a bordo de um peugeot por um caminho de 8.000 Km... Sim, é km pra caramba, e para me distrair levei o livro que estava lendo: Férias... é uma leitura simples e logo terminei. Em Santiago minha mãe me mostrou muito contente o livro que havia comprado, em espanhol para treinar: Los Mensajes de Los Sabios, de Brian Weiss. Como esse é o autor de Muitas vidas, muitos mestres que minha sogra adora, resolvi folhá-lo para me distrair da paisagem monótona e desértica das estradas Argentinas.
O autor é um psiquiatra adepto da regressão para curar as pessoas por meio do reconhecimento de que somos almas divinas e imortais, assim, não há razão para temer ou entristecer nessa vida. Vida essa que nada mais é que um exercício, uma disciplina como tantas que cursamos na universidade.
Estamos aqui para aprender e não para sofrer, a lição principal é o amor incondicional. Assim, a forma de tratarmos os demais é infinitamente importante, muito mais do que acumulo material. Podemos estar sujeitos a influencias hormonais ou padrões comportamentais, mas essas tendências podem ser superadas com a tomada de consciência. Devemos dedicar tempo e energia a outra pessoa, dedicar toda nossa atenção e consciência à relação e seus problemas, a relação é mais importante que a televisão, que essa revista, que esse artigo. É extremamente importante respeitar a felicidade do próximo, nunca dizer nada que possa diminuir essa felicidade, comunicar-se sem julgar, sem criticar.
Temos que nos livrar do medo, todo e qualquer medo. O medo faz com que nos isolemos, ergamos um muro ao nosso redor. Normalmente, temos medo do que os outros podem pensar a nosso respeito, de como nos julgarão, medo de fracassar. Não há porque ter medo se nos abrirmos ao amor incondicional e anularmos nosso ego.
Numa tradução livre segue um trecho:
“Seja mais espiritual. Dedique mais tempo a rezar, a dar, a ajudar aos demais, a amar. Expresse generosidade e amor. Livre-se do orgulho, do ego, do egoísmo, da raiva, da culpa, da vaidade e da ambição. Passe menos tempo acumulando coisas, preocupando-se, pensando no passado ou no futuro, causando dano aos demais ou demonstrando qualquer tipo de violência.
Não aceite nenhuma idéia antes de questioná-la com sua intuição. É algo que fomenta o amor, a bondade, a paz e a união? Ou algo que promove a separação o ódio, o egocentrismo e a violência?
Você é imortal e está aqui para aprender, para saber mais, para ser divino. O que aprender aqui seguirá com você após a morte, não poderá levar nada mais. O reino do céu está em nosso interior. Deixe de buscar gurus, em vez disso busque a si mesmo. Não tardará a encontrar seu próprio lugar.”
Eu tenho muita dificuldade em saber o que é Deus, mas acho que é o amor, essa poderosa energia que flui por tudo. Está dentro de nós, e quando dizem as características de deus eu encaro como sendo minhas próprias, e que eu só preciso manifestá-las. Todos podemos ser misericordiosos, bons, etc...