domingo, 13 de junho de 2010

Um sentido a mais para a vida


“O sentido da vida com freqüência é tema de questionamento.




Nesses momentos, a tendência é buscar uma resposta, uma compreensão, e as fontes são diversas: os mais sábios, os livros, passar por experiências, entre outras.
O biólogo Richard Dawkins, em uma entrevista, foi questionado sobre o sentido da vida, já que “sendo um cientista não acreditaria em outra vida”. A resposta foi que “do ponto de vista cientifico o propósito da vida é a propagação do DNA, entretanto, do ponto de vista individual, cada pessoa tem seu próprio propósito e vive, em maior ou menor escala, de acordo com este propósito, que pode ser o de escrever um grande livro, de compor uma sinfonia, de ganhar uma partida de futebol, de criar os filhos com saúde e felicidade. É bom as pessoas criarem seus projetos, pois essa é a única vida que temos, e acreditar nisso é a chance que temos de aprimorar nossa visão de mundo, podendo valorizar, levar a sério e aproveitar plenamente o imenso privilégio de estar vivo”.

Para a maioria dos homens uma maneira de fazer seu nome viver após a morte tem sido através
dos filhos, e por isso ter filhos e criá-los sempre foi um projeto importante de vida, e um alvo e uma fonte de afeto, e também de apoio para conviver com as incertezas da vida e a certeza da morte. Segundo Freud os filhos “concretizarão os sonhos dourados que os pais jamais realizaram”.

Nos últimos anos o narcisismo tem encontrado outras formas de se nutrir, na medida que os pais se frustram, porque os filhos são cada vez menos o que eles queriam que fossem, e também porque as famílias estão mudando.

Então, o que ocorre?

Em muitos lares os filhos estão sendo substituídos por cães.

Um fenômeno atual: as pesquisas de comportamento revelam que os cães são vistos com filhos ou irmãos nos lares em que vivem, ou seja, os cachorros estão se tornando cada vez mais uma fonte de apoio para os humanos e, ao mesmo tempo, um elo que permite ao homem moderno manter uma conexão mínima com a natureza, com a vida.
Eles passaram a ocupar um espaço importante entre as pessoas que vivem sozinhas, bem como entre as famílias encolhidas ou que demoram a ter filhos. E a ciência diz que isso faz todo sentido, porque eles despertam quase tanto amor e carinho quanto um bebê, substituindo o amor incondicional dos pais pelos filhos.
Freud, em sua entrevista sobre o valor da vida, comenta que “prefere a companhia dos animais à companhia humana, pois são muito mais agradáveis as emoções simples e diretas de um cão ao balançar a calda ou ao latir expressando seu desprazer”.

O cão, tal como se encontra hoje, é uma criatura que o homem inventou , aperfeiçoou e moldou a sua imagem e semelhança. O narcisismo humano está fazendo isso com os cães, tornando-os cada vez mais “perfeitos”, assim como a religião criou um homem à imagem e semelhança de Deus, ou um Deus à imagem e semelhança do homem.



Os cães estão ajudando muitas pessoas, e assim continuará a ser, sempre surgirão novas motivações a serem adicionadas às já existentes para que as pessoas encontrem um sentido a mais à suas vidas.”

Texto adaptado a partir do artigo de mesmo nome da postagem, publicado no Jornal da Brasileira, nº 2 (Órgão de Divulgação da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre)
Autoria de Sílvia Katz.

sábado, 12 de junho de 2010

Feliz Dia dos Namorados.




“Era um homem que amava sem esperanças. Tinha-se encerrado inteiramente em si mesmo e imaginava que se ia consumindo na chama de seu amor. O mundo desapareceu para ele. Não via o céu nem o bosque verde; não ouvia o murmúrio dos regatos nem os sons da harpa; tudo em seu redor se havia desfeito, deixando-o abandonado e miserável. Seu amor cresceu, contudo, de tal maneira, que preferiu consumir-se e morrer em sua fogueira do que renunciar à posse daquela mulher. E então sentiu que sua paixão devorava em si tudo aquilo que não fosse amor, tornava-se poderosa e impunha à amada distante uma imperiosa atração, fazendo-a correr para si. Mas, quando abriu os braços para recebê-la, achou-a transformada, e viu e sentiu, surpreendido, que atraia para si todo o mundo perdido. Lá estava o mundo diante dele, ofertando-se por completo; céu, bosque e regato voltavam a ele com novas cores, cheios de vida e de luz, pertenciam-no e falavam sua linguagem. E em vez de ganhar apenas uma mulher, tinha o mundo inteiro em seu coração e cada uma das estrelas do céu resplandecia nele e irradiava prazer em toda sua alma... Havia amado e, amado encontrara a si mesmo. Mas, a maioria dos homens amam para se perder em seu amor.”

Texto retirado do livro:
DEMIAN - História de juventude de Emil Sinclair
do autor: Hermann Hesse.